terça-feira, 21 de agosto de 2018

Pépio


Adorava ver a cara de muitos dos que leram este nome.

“Sim, é estranho! Sim, é esquisito! Sim, é feio! Sim, não é assim tão mau! Sim, é interessante! Sim, é giro! Olha, afinal alguém conhece o nome do Pépio!” 

Todas as opiniões e reacções sobre um nome são válidas, nem que seja porque representam uma estranheza inicial. 

Quando tínhamos a lei em Portugal que nos restringia a uma lista de nomes permitidos, constava lá Pépio. No entanto, não conheço nenhum Pépio e, muito menos, sabia que era nome próprio. 

E são estas surpresas/estranhezas que me agradam abordar, porque afinal de contas, eles existem e, simplesmente, caíram no esquecimento ou na ignorância da sua existência. Alguns casos admito que preferia ficar na ignorância, porque os acho bastante maus, outros há que fico entusiasmada com a descoberta. Goste ou não e, tendo em conta que os gostos são algo pessoal, acho que deve haver a oportunidade de os dar a conhecer. Sendo que para mim este blog tem essa obrigação, ir além dos gostos e das modas, mostrar o que existe, a sua origem e significado.

De repente, Pépio faz lembrar o nome/diminutivo espanhol Pepe. Diminutivo de José e Josepe, ainda tendo a variante de Pepito. Mas não encontro nada que os relacione. 

Pe.Pio é sigla de Padre Pio, mais conhecido por São Pio. Tendo este santo bastantes devotos, levanta-se a questão se não será esta a sua origem? Mas, também não encontro nada que o confirme. 

Pépio, foi um nome que deu luta. Desde Gualdim que não conseguia este feito, de não conseguir encontrar nem origem, nem significado.

Não encontrei registos nem em Portugal (SPIE), nem no Brasil (IBGE). No entanto, encontrei duas histórias relativas a dois possuidores deste nome, no Brasil e em Portugal:

Em Portugal existe um Fontanário na EN112 (estrada que liga a Portela do Vento a Castelo Branco), chamado de Fontanário do Pépio, onde antes existia uma construção com o nome do senhor que ali havitava. O Sr. Pépio habitava com a sua esposa D. Amélia a Catraia do Azevedo, espaço onde tinham uma pequena venda, sendo conhecidos por não negarem ajuda a ninguém, onde todos podiam contar com abrigo e apoio na Catraia do Pépio, tradição que ainda hoje se mantém. 

No Brasil descobri um cantor, Pépio Barboza Souza, tratado por Pépe Moreno. Nascido em famíllias humildes, apaixonado por música deste muito pequeno, começou cedo a trabalhar. Quando saiu da sua terra para São Paulo, trabalhou como camelô, nunca desistindo do seu sonho de ser músico. Inspirou-se na frase baiana (região de origem) “vamos pro risca faca” (vamos para o forró) e começou a compor neste estilo, tendo em 2006 sido a sua música a mais regravada desse ano.

Embora não haja origem relativa ao nome, o que é certo é que destes dois exemplos encontramos qualidades humanas que gostaríamos que nós ou os nossos tivessem, como humildade, resiliência e bondade.

Margarida Rebelo Madeira


Fontes Consultadas:


Behind The Name, Justbrasil, Geocaching, IBGE, IRN, SPIE

14 comentários:

  1. A minha primeira reacção foi achar que um nome é engraçado. Tem uma sonoridade divertida e, ao mesmo tempo, clássica, sendo que me pareceu um daqueles nomes medievais que caiu em desuso.
    É uma pena que se desconheça a origem e o significado do nome. Parece que vai ficar sempre coberto de mistério.

    Bjs
    Inês

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  2. Pépio é inusitado e diferente! Tem uma boa sonoridade agradável. Não usaria caso tivesse um filho, mas acharia super fofo um menino com este nome. Parece um nome italiano.
    A possível ligação com São Pio (Pe.Pio) também o torna atrativo. Bela postagem! É sempre bom ver nomes desconhecidos!!! Parabéns pela postagem :D

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  3. Eu nunca havia nem sequer ouvido a pronúncia desse nome. Parece um apelido carinhoso e me soa de forma agradável. Concordo que devemos respeitar e conhecer a história de cada um deles. No caso desse, devemos mesmo ficar com os exemplos dos dois nomes encontrados.

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  4. Gosto muito deste blog exactamente por isso, desempoeiram nomes e conseguem o efeito cinderela, há sempre alguma curiosidade interessante mesmo que o nome em si não nos cative à primeira. Promovem a diversidade ao invés de formatarem os conteúdos para uma determinada categoria, como outros blogs. Continuem pfv!

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  5. Realmente não é um nome comum, mas também não é feio. Acho que eu colocaria num pet.
    Adorei o post!

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  6. Um nome bastante incomum para mim e achei que combina muito com um apelido fofo.Nao conhecia esse nome.Gostei de saber e conhecer.

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  7. Nunca tinha lido nada sobre esse nome, aliás nunca tinha sequer ouvido esse nome. Você faz um trabalho impressionante. Muitos parabéns. Gostei imenso das duas histórias dos Pépios que encontrou.

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  8. Pépio nome muito diferente na pesquisa quando eu digitei para ver os nomes que têm nele entrou apenas "Pepino", estou feliz com este blog mostra-nos que existem nomes que nós nem sequer imaginamos que havia, esse nome parece ser a definição da história do desenho infantil, adorei o conhecimento.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Boa tarde Maria Rebelo Pereira.
    O Fontenário da EN112 a que faz referência, foi uma iniciativa nossa que contou com o apoio da maioria dos meus primos, todos netos do Pépio, que assim quiseram por esta forma homenagear o Pépio e a Amélia, e obviamente homenageando também os nossos pais.
    A propriedade onde estava a casa do Pépio e da Amélia calhou-nos por herança (a mim e à minha mulher), e quando as Estradas de Portugal procederam à reabilitação da EN112 decidimos utilizar a compensação devida pelo empreiteiro para, no lugar onde antes estava a casa, acordar com este que, ao invés de uma compensação monetária, este construiria um fontenário com uma forma aproximada da casa dos nossos avós e onde, seguindo a prática muito conhecida do meu avô, seria possível providenciar, a qualquer passante, um abrigo para descansar e se refrescar. Depois de terminada a construção, e com o apoio da maioria dos descendentes do Pépio e da Amélia, organizamos o momento para a sua inauguração, tendo tido a felicidade de poder contar com a participação de muitos amigos, incluindo dos Senhores Presidentes da Câmara de Góis e Câmara da Pampilhosa da Serra (que bem conheceram os nossos avós), do Presidente da Freguesia de Pessegueiro, e de muitos amigos que que quiseram estar connosco para viver esse momento e aproveitar para relembrarem e contarem as suas histórias com o Pépio e a Amélia. A presença mais marcante foi, no entanto, a do Sr. D. Eurico Dias Nogueira, na altura Bispo Emérito de Braga, que desde a primeira hora nos deu o seu apoio fantástico, com palavras e conselhos amigos, intervenções de apoio junto das diferentes autoridades envolvidas, e com artigos diversos que publicava nos jornais da região. Durante o evento, o Sr. D. Eurico aproveitou para, entre outras memórias, voltar a contar que parou na casa dos nossos avós quando, com sua mãe, fez a sua primeira viagem de Dornelas para o Seminário em Coimbra, o que passou a ser um hábito seu sempre que ali passava, "parando para falar longamente com o Pépio".
    Para não me alongar demasiado (o que sempre faço quando o tema é o Pépio), deixo só duas notas finais:
    1. O nosso bisavó, pai do Pépio, que frequentemente ia a Espanha para trabalhar nas ceifas, fez por essas terras diversos amigos e, talvez por isso, sempre gostou de um nome muito comum em Espanha - Pepe. Por isso, quando o meu avó nasceu decidiu chamar-lhe Pepe. Mas, infelizmente (ou talvez felizmente), o escrivão no Registo, porque não o conhecia ou este não fazia parte da lista de nomes portugueses, executou o registo escrevendo Pépio em vez de Pepe. Ao que soube, há muito poucos anos e com o apoio de um registo do meu avó, foi possível dar o nome de Pépio a um jovem descendente da Simantorta, aldeia próxima da Catraia do Pépio.
    2. O Pépio, que aprendeu a ler e a escrever às escondidas do seu pai, em jovem foi retirado do seu pequeno ambiente para integrar o Corpo Expedicionário Português que combateu na Flandres durante a Primeira Guerra Mundial. Felizmente conseguiu escapar ileso às agruras e desventuras da guerra e regressou logo que pode à região onde nasceu. Infelizmente, quando chegou a sua mãe, que naturalmente adorava, tinha acabado de falecer. Pouco depois casou com a Amélia e decide instalar-se no meio da serra, no local de Catraia do Azevedo (que passou a ser conhecida como Catraia do Pépio) onde durante 50 anos viveu, onde nasceram todos os seus filhos, e onde fez História.

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  11. Não há quaisquer referencias sobre a sua origem etimológicas?

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  12. Moro em Sesimbra e conheço um Pépio com cerca de 14 anos.
    Não conheço a história por detrás da escolha do seu nome mas achei importante referir que alguém lhe está a dar continuidade.

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