Guia para Escolher Nomes de Irmãs/Irmãos - Parte I

Escolher um nome para um(a) filho(a) pode ser uma aventura odisseica! E quando se trata de escolher pares ou conjuntos de nomes, a tarefa parece aumentar substancialmente o nível da exigência! Como esta é uma questão muito presente entre os nossos leitores e entre membros do grupo de discussão, pareceu-nos interessante deixar algumas sugestões e abrir alguns horizontes ao longo deste texto. É importante realçar que não há uma forma única e/ou correta de escolher combinações de nomes para irmãos. Na verdade, dependerá sempre muito do seu gosto pessoal e da sua visão sobre o nome X ou Y. E, acredite, existem tantas visões de nomes como existem pessoas, pelo que a sua escolha dificilmente será consensual entre as pessoas com quem convive também. Mas não se aflija, o importante é fazer uma escolha baseada nos seus gostos pessoais, que seja recheada de bom senso! Poderíamos dizer que na escolha de nomes para irmãos tudo é permitido, mas eu não iria tão longe e vamos poder discutir isso mesmo ao longo destas publicações!

A MESMA INICIAL

Conhece irmãos que têm todos um nome começado pela mesma letra? Pois, tenho a certeza que deve conhecer um caso ou outro. Este é um critério apreciado pela população em geral, sobretudo se estamos a falar de gémeas/gémeos! É um fenómeno incrível – mas previsível. Pode também ter acontecido que os pais tenham simples e aleatoriamente gostado de dois nomes que começam pela mesma letra e acabaram por ter um João e uma Júlia. Mas há quem leve realmente este critério muito a sério e se “obrigue” a escolher nomes com a mesma letra só porque a/o irmã(o) anterior já era João ou Júlia. Depois vem a Jade, a Judite e o Jonas e a malta já não sabe que mais nome escolher caso venha uma sexta criança. É aqui que chega a grande desvantagem deste critério: limitação na escolha de um nome. E se na quarta criança se apaixonou pelo nome Beatriz, faz-me confusão o porquê de abdicar de um nome que gostava e fazia sentido para si e para aquela 4ª criança só porque já havia uma “regra” assim definida. E o mesmo vale para todos os critérios que se seguem. No entanto, acredito que quando pensados com muito carinho existem conjuntos com a mesma inicial que serão muito especiais. Sugestões/Ideias: Afonso, Alice, Amélia e Artur / Lara, Leonor, Lourenço e Lucas.

A MESMA TERMINAÇÃO

Este é mais um critério polémico. As opiniões dividem-se entre achar que é o máximo e achar que é caricato ou desnecessário. A minha opinião pessoal situa-se bem no meio como irão perceber. Não tenho dados estatísticos que o comprovem, mas tenho quase a certeza de que existem muitos irmãos com nomes como Carolina e Valentina, Gabriel e Rafael, Joana e Mariana ou João e Simão. Acredito que seja a musicalidade do par que mais cativa as pessoas quando fazem esta opção. Pessoalmente não seriam escolhas minhas, apesar de eu reconhecer que a musicalidade é interessante e atrativa. Acho que nesta questão da terminação podemos sentar-nos confortavelmente num meio-termo, ora vejamos.

Quando eu me refiro ao par Baltasar e Gaspar é óbvio para todos nós que estes são dois nomes que rimam. Mas quando conjugo César e Baltasar / Óscar e Gaspar a rima não parece tão óbvia, pois não? O mesmo para os femininos: Guiomar e Pilar rimas óbvias, mas Âmbar e Pilar não. Porque é que isto acontece? Tem a ver com a sílaba tónica do nome, aquela em que carregamos mais quando o dizemos. Imagine-se a chamar alto pelo Baltasar: Bal-ta-saaaaar! E agora pelo César: Cééééé-sar. Não carregamos de igual forma na última sílaba, como pode ver. Com Âmbar e Pilar ocorre exatamente o mesmo. Isto não quer dizer que a rima deixa de existir, mas torna-se menos muito menos audível e, para mim, tudo o que é pouco óbvio é mais bonito! Quando os nomes possuem acentos também é mais fácil perceber onde está a sílaba tónica (existem exceções).

Estava aqui a pensar que existem terminações mais difíceis de arranjar nomes ou sílaba tónica diferente, como aqueles que acabam em –ão: João, Fernão, Sebastião, Simão, Tristão (…). Parece que todos os nomes vão dar ao mesmo som carregado do ão e é impossível fugir da rima. Mas existem duas exceções, muito bonitas por sinal: Cristóvão e Estêvão. Nestes nomes a sílaba tónica está no tó e no tê, pelo que a rima já não é tão evidente outra vez: Cristóvão e Sebastião pode ser um par maravilhoso sem a preocupação da rima, da mesma forma que Estêvão se pode juntar a Tristão de forma igualmente sossegada.

Para terminar, e reforçando o exposto, tenho de falar numa terminação que é absolutamente encantadora para mim no que respeita a formação de pares perfeitos. Quando perguntam qual é o melhor par para Olívia, por exemplo, podemos dizer muitos outros nomes que poderão em voga no espaço de alguns anos também como Aurora ou Violeta. E fazem pares muito giros, verdade seja dita! No entanto, intuitivamente, tendo a pensar logo em outros nomes terminados em –ia, com acento e cuja antepenúltima letra seja diferente! Parece muito confuso? Não é.

Olívia & Amélia, por exemplo. Têm a mesma terminação, mas a tónica é numa vogal diferente e a antepenúltima letra é também diferente, passando de um V para um L. A título de curiosidade, Olívia & Sílvia ficaria exageradamente parecido um com o outro e Olívia e Octávia também não era tão distinto porque partilhavam a terminação -via. Mas como o exemplo de Amélia e Olívia posso dar outros, porque realmente não acho que seja uma terminação limitativa:

Amália e Olímpia 

Anastácia e Estefânia

Antónia e Cecília

Cláudia e Marília

Lídia e Ofélia

Victória e Lavínia

É verdade que em termos de masculinos podemos ficar mais limitados, mas ainda consigo imaginar um António e Inácio, um Octávio e um Emílio… É mesmo uma questão de pensar em alternativas a um Júlio e Túlio. Tenho a certeza que de que serão capazes de encontrar alguma combinação de que gostem!

Resumindo e concluindo no tópico do uso das mesmas terminações para irmãos: há formas muito subtis e interessantes de dar a volta à rima sem desvirtuar por completo o par. E até é uma forma de combinação exigente, se formos a ter em consideração todos estes aspetos. 

A MESMA POPULARIDADE E O MESMO ESTILO

A popularidade é conceito muito pacato de abordar. O critério parece ser simples e bem percetível: se está nos tops nacionais, se é possível encontrar muitas crianças com o mesmo nome em todo o lado, é um nome que se usa muito, é um nome popular. Podemos argumentar que nem toda a gente sabe que nomes estão no top, mas a informação é cada vez mais acessível a todos (clicar aqui para o top masculino 2015 do Brasil e Portugal e feminino 2015 do Brasil e Portugal).

Quando se fala no uso de nomes com a mesma popularidade para irmãos queremos fazer pensar se será óbvio uma Constança ser irmã de uma Emanuela (popularidades invertidas nos nossos países) ou se um Bernardo é obviamente o irmão do Jeremias. Colocando o tópico num outro prisma, se tivessem de adivinhar quem é o irmão do Rodrigo, diriam que é o Henrique ou o Lutero? Queiramos assumir ou não, a popularidade é um critério que nos orienta nas escolhas de nomes para irmãos ou que nos devolve alguma expectativa acerca de futuras escolhas. É, de alguma forma, esperado que quem usa Miguel ou Matilde não vai usar Avelino e Eunice.

Sinceramente, também concordo que a popularidade é um critério de coerência nos pares e conjuntos. É estranho (o termo não é negativo) ver irmãos com nomes como Francisco, Ulisses e Viriato: há claramente uma discrepância muito grande na aceitação social (por via da popularidade) entre os nomes. Mas com isto não quero dizer que lá por já ter uma filha chamada Dulce tenha de ter uma Isaura só porque é incomum, se o seu outro nome favorito é Clara. Acho que temos de ser muito flexíveis e ponderados nas nossas assunções, extremismos nunca são de apreciar.

E isto leva-nos ao tópico do estilo. Mais do que a popularidade, o estilo de um nome pode ser um critério de composição de pares muito mais interessante, mas é também um critério muito mais pessoal e difícil de definir. Um nome para mim pode ser extremamente hippie como para outra pessoa já não o é; posso achá-lo muito vintage e outra pessoa pode ser simplesmente antigo e impraticável na atualidade, posso achar que é um nome muito moderno e outra pessoa achá-lo inadequado por algum motivo. Quando vamos fazendo as publicações sobre compostos vamos dando algumas pistas sobre que nomes se vão incluindo em que categorias. No espaço abaixo vou deixar alguns exemplos de nomes concordantes em estilo (na minha opinião):

Antigo: Amadeu, Celeste, Luzia & Sancho

Hippie: Alma, Cairo, Índigo e Oceana

Moderno: Áurea, Dilan, Íris e Levi.

Vintage: Aurora, Jaime, Inácio e Rosa

Desta vez tivemos apenas a oportunidade de nos pronunciarmos acerca de três critérios na escolha de nomes para irmão. A verdade é que existem muitos e não é esperado que o leitor tenha todos em consideração (é claramente impossível e exagerado). No entanto, fazemos questão de trazer outros critérios até vós e discuti-los em conjunto para o tentar ajudar nesta árdua tarefa! Para terminar gostaríamos de saber quais destes 3 critérios (ou outros) fazem mais sentido para vós!

Partilhem connosco e estejam atentos às próximas partes!

Fontes Consultadas:
O Blog dos Nomes