Guterre

Guterre é um nome raríssimo hoje em dia, raridade essa que se prolonga há muito tempo. Mas nem sempre foi assim. Na Idade Média, e tal como acontecia com muitos outros nomes medievais, Guterre era super conhecido. Guterre Hermegildes, por exemplo, foi Conde de Coimbra em 860 e, seguindo a prática e a tradição da época, os seus filhos ficaram com Guterres nos seus nomes. E como ele houve muitos mais. Assim, com o passar do tempo, Guterres assentou como apelido - já o nome que lhe deu origem caiu em desuso e hoje não se ouve mais. 

Guterres faz-nos pensar automaticamente na figura de António Guterres - famoso político (e engenheiro) português - o que pode dificultar a aceitação de Guterre como nome próprio. Não deixa de ser irónico e muito injusto! Não fora Guterre, o António não teria esse apelido tão famoso. 

Fico mesmo com pena que não nasçam meninos com este nome. Acho Guterre tão giro, elegante, diferente! "Ah mas lembra demasiado Guterres" (como já ouvi uma ou outra vez). Bem, é normal, visto que o apelido derivou do nome. Mas também Henrique lembra Henriques e nascem Henrique's com fartura. É uma questão de hábito. E por falar em Henrique, acho que Guterre preenche um requisito que hoje em dia se começa a procurar mais num nome: é antigo. Ou melhor, é um antigo mais evidente - tem um ar medieval muito forte que, como sabem, me agrada imenso. A meu ver é equiparável aos populares Henrique, Guilherme e Gustavo, por exemplo. A Henrique, por causa do "r" carregado e pela elegância. A Guilherme pela inicial (lógico), pelo som aberto da vogal "e" e pela disposição dos dois "e". E a Gustavo pelo início "Gu", pela inicial (lógico, mais uma vez) e pelo ar medieval que ainda me transmite - já com Henrique e Guilherme essa associação não é tão imediata. 

Adorava conhecer um pequeno Guterre, mas muito sinceramente não me parece que isso vá acontecer tão cedo.

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