Nero

À primeira impressão, Nero é um nome muito agradável, mas é tão diferente do que estamos habituados a ouvir como nome próprio de rapaz que quase ganha em seu torno uma aura mística.

É um nome que não consta na lista de nomes admitidos em Portugal, mas também nada nos diz que não é autorizado, pode simplesmente ser um omisso (gostaria de acreditar que sim). Mas, de qualquer das maneiras, por alguma razão, os portugueses não têm demonstrado interesse em Nero, não existindo nenhum registo conhecido entre 1920 e 1980. É possível que a sonoridade e estilo de Nero não se enquadre tão bem nos standards portugueses, pode ser também por mero desconhecimento do nome, ou pode até ser porque simplesmente não lhes apraz. Factos que comprovem o que digo não os há, mas há sim registo de, em 2014, ter nascido em Portugal um menino chamado Frederico Nero. Uma aposta ousada mas com um resultado muito bonito! 

Já no Brasil Nero é o nome de 802 homens, segundo o censo demográfico do IBGE. A maioria dos nascimentos se deu durante a década de 1950 no estado do Rio Grande do Sul.

Existem duas grandes teorias etimológicas sobre Nero: provém do dialecto sabino e significa “forte e vigoroso”, tendo sido absorvido como nome próprio pelo latim aquando da conquista romana da parte central de Itália; ou trata-se de um diminutivo de Raniero, que, por sua vez, vem do nome germânico Rayner que junta vocábulos que significam conselho e exército. Para finalizar, na língua italiana Nero é palavra que significa negro.

Acredito que nunca se tenha popularizado pela infame reputação do Imperador Romano Nero, muitas vezes apelidado de tirano e acusado de ter incendiado Roma para poder ver realizadas novas obras esplendorosas à custa de várias vidas. No entanto, alguns historiadores, com trabalhos mais recentes, desmentem muitos dos mitos que se criaram em torno deste Imperador.

Na minha opinião, Nero tem potencial para integrar as listas de nomes dos portugueses e brasileiros. Mesmo que não lhe queiram dar o destaque como único nome próprio, acredito que Nero não faria má figura num composto, talvez, quiçá, usado em segundo lugar. Se conhecesse um Nero, pessoalmente, iria ficar intrigada, não só com a escolha do nome mas também com a pessoa em si. Como disse no início, parece-me ter algum mistério associado, que o torna muito interessante para mim. Peca por no estrangeiro ser pronunciado como Niro.

Joana Recharte.

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