Rui e Rodrigo e a mítica batalha ancestral
pelo poder. Confuso com a primeira frase? Não é preciso, nós explicamos. Por
muito estranho que possa parecer, acredite, Rui e Rodrigo são o
mesmo nome e, por incrível que pareça, têm estado em confrontação pela
popularidade durante séculos. Ora Rodrigo
se torna popular, ora Rui conquista
corações e registos. Pelo menos em Portugal. Mas neste momento estamos a viver
os anos dos Rodrigos, não haja
dúvida, e os Ruis parecem ter ficado
um pouco atrás na corrida pelos novos bebés!
Durante todo o século XX, em Portugal, Rui foi uma grande aposta das famílias
portuguesas, estando sempre acima dos 100 registos anuais a partir de 1928 e
alcançando uns fantásticos 3966 registos no ano de 1975. Rui não parou de crescer ano após ano e foi de tal forma popular
que acredito que todos nós conhecemos, pelo menos, um rapaz com este nome! No
entanto, já se sabe, isto dos gostos pelos nomes é marcadamente cíclico e
quando um nome atinge determinada popularidade é comum vê-lo a reduzir
substancialmente nos anos que se seguem. Rui
não foi exceção e a partir de 1975 o número de bebés com este nome começou a
decrescer até à atualidade. Ainda assim os números continuam a ser
impressionantes.
Em 2013, em Portugal, nasceram 165 meninos
com este nome e Rui figurou em 164
compostos, sendo os mais comuns Rui
Pedro (33), Rui Miguel (32) e Rui Filipe (12). No ano seguinte
nasceram 137 e foram registados 126 compostos, sendo os mais usados os
referidos anteriormente (até diria que se poderiam considerar compostos
clássicos, de tão usados que são e há tantos anos)! Em 2015, desconhecendo-se o
número de compostos, sabe-se que foram registados 125 meninos com Rui como primeiro (quiçá único) nome.
No que toca ao Brasil, o cenário é
diferente. Rui não está perto de ser
um nome clássico, mas talvez um nome datado uma vez que ficou muito associado às
décadas de 50 e 60 do século passado. Estima-se que existam cerca de 38 mil
pessoas com este nome no Brasil, o que não é assim tão expressivo dada a dimensão
do país. Em 2015, no Estado de São Paulo foram registados apenas 15 (reparem na
raridade) e alguns compostos, dos quais saliento António Rui, Rui Guilherme e Rui Jorge. Ainda que possamos estar
habituados ao uso de Rui em primeiro
lugar nos compostos, acredito que possa ser utilizado de forma muito harmoniosa
em segundo lugar, como é o exemplo do acima António Rui.
Como começamos por dizer no início desta
publicação, Rui e Rodrigo são nomes associados, na medida
em que Rui começou por ser um
diminutivo de Rodrigo, que é um nome
de origem germânica que junta os elementos hrod
(famoso, glória) e ric (poder). Isto significa que, por associação,
Rui também significa famoso pelo poder ou glorioso pelo poder. Um nome com
significado de líder, portanto.
Tanto Rui
como Rodrigo são nomes que podem ser
encontrados em tempos anteriores à Idade Média. Relativamente à Idade Média, uma
tese de mestrado na área da genealogia portuguesa (Pizzaro, 1997) dá conta da
existência de muitos homens chamados Rui
que estariam entre as famílias mais importantes da Idade Média em Portugal. E,
numa época mais tardia, uma outra tese (Nunes, 1996), dá-nos conta do uso deste
nome em séculos subsequentes! Também é possível encontrar nestes documentos versões
mais arcaicas do nome como Roi
(totalmente em desuso) e até mesmo Ruy,
que é uma grafia muito interessante e bonita, na minha opinião. Explicitamente
proibidas pela atual lista portuguesa, talvez num futuro próximo possam vir a
ser novamente aceites da mesma forma que Ayres
agora também é aceite. Aliás, na grafia Ruy
temos várias personalidades como o grande ator português Ruy de Carvalho, os poetas Ruy
Belo e Ruy Cinatti e o ilustre
realizador de cinema brasileiro, poeta e dramaturgo Ruy Guerra.
Como podem ver, Rui é um nome cheio de tradição e história! Claramente em queda de
popularidade desde os anos 70, Rui
parece estar a lutar com todas as suas forças pelos corações dos portugueses.
Será que se conseguirá manter neste nível e se tornar um clássico?
Fontes consultadas:
Ana
Belo (1997) Mil e tal nomes próprios, ARPEN/SB, Behind the Name, IBGE, IRN, Naidea
Nunes (1996) Antroponímia Primitiva da Madeira (séculos XV e XVI), José Augusto
de Sotto Mayor Pizarro (1997) Linhagens Medievais Portuguesas e SPIE.
Acho muito sem sal , e banal porque conheço muitos. Mas não posso dizer que acho feio, é sem graça.
ResponderExcluirConcordo com a Claudia, tb não acho feio, mas sim sem graça. Com exceção de Ruy Barbosa, é um nome que passa em branco pra mim.
ResponderExcluirMas "Ruy Barbosa" é um sobrenome!
ExcluirNão gosto nada de Rui, nem sequer vejo nada de positivo neste nome.
ResponderExcluirCerta vez conheci um Rui que tinha os cabelos ruivos acaju e sardas. Então esse nome ficou fortemente associado pra mim com homens ruivos, literalmente!!!
ResponderExcluirHahaha... Que graça!
ExcluirDesconhecia completamente a associação entre os 2 nomes. Interessante demais como os nomes surgem e "apelidos" passam a ser nomes próprios. Não gosto de apelidos nem de nomes curtos. Gosto de ler sobre a evolução dos NOMES, quanto mais história o nome tiver, mais valor a ele será agregado! Apelido pra mim tem outra conotação muito mais pessoal, familiar e afetiva.
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