Desde pequenina fui envolta em milhares histórias
sobre o mar. Fossem elas sobre o poder místico dos seres que o habitam ou sobre a
época áurea dos Descobrimentos, todas estas histórias me cativavam e deixavam
maravilhada. Entre uma dessas muitas histórias, contava a minha avó a história
de Santo Amaro, o santo que protegia
os marinheiros e pescadores trazendo bonança à viagem. Talvez por isso e por
viver numa terra em que se dava tanta importância à vida do (e no) mar, sempre
encarei este Amaro como um tipo
muito fixe, um grande benfeitor que nos servia lindamente.
O nome, em si, é bastante bonito e envolve
um misto de seriedade e descontração que acho muito curiosos num nome próprio.
Também ajuda, realmente, associar este nome ao Oceano e a um dia solarengo de
verão, como são as recordações que tenho de uma terra cujo santo é o seu
padroeiro, uma terra muito próxima do lugar onde cresci na Ilha da Madeira.
Portanto, não só Amaro é um nome
familiar para mim, como tem uma beleza particular que aprecio muito e se prende
com a sonoridade. Se já leu alguma publicação da minha autoria sobre algum nome
deste género, verá que isto é consistente: os nomes que têm aquela sonoridade
do “r” entre vogais são muito atrativos para mim, como é o caso de
nomes como Ari ou Lira.
Existem várias teorias acerca da origem
deste nome. De acordo com o Behind the Name,
Amaro pode ser a variante espanhola
do antigo nome germânico Audamar que
comunga os elementos aud (fortuna,
riqueza) e meri (famoso), o que
atribui a Amaro o hipotético
significado de tesouro famoso – e
que é um filho senão um tesouro? Outra teoria atribui a origem de Amaro ao latim, apontando como
significado amargo, o mesmo
significado partilhado, por exemplo, pelo nome feminino Mara. Por fim, uma última teoria é a de Amaro deriva de Maurus e, portanto, se trataria de um nome com elos geográficos,
pois significaria aquele que é da
Mauritânia ou moreno ou ainda de pele escura, conforme explica a Maria Pilar Monteiro na
sua publicação sobre Maura.
Ao longo dos anos, Amaro não foi inexistente em Portugal, sendo que durante o século
XX o seu uso rondava os 30 registos anuais. Hoje em dia a realidade é
diferente, sendo que o nome tem caído no esquecimento. Em 2013, Amaro foi registado 3 vezes como
primeiro nome, tendo sido também utilizado nos compostos Amaro Augusto, Luís Amaro <3, Mariana Amaro, Rafael Amaro
e Santiago Amaro. No ano seguinte,
foi registado nos compostos Amaro
William, António Amaro, Clara Amaro, Daniel Amaro, Ilídio Amaro, Joana Amaro,
Luana Amaro e Tomás Amaro. Em
2015, não foi registado nenhuma vez, nem em Portugal, nem no Estado de São
Paulo no Brasil, segundo registos do IRN e do ARPEN/SP.
Pessoalmente, acho-o um nome muito
interessante, com uma sonoridade muito agradável, internacional e não peca por
estar associado a nenhuma geração em particular, como acontece com alguns nomes
que se popularizaram em determinados anos. Como manteve sempre um perfil
discreto, Amaro combate as
fronteiras do tempo e pode ser entendido como um nome contemporâneo, se assim o
quisermos. Um pormenor muito engraçado sobre este nome está, mais uma vez,
ligado ao santo do mesmo nome, um peregrino no Caminho de Santiago (no século XIII), que se dizia ter viajado no
seu barco até ao céu. Que bonito!
Que dizem de Amaro? Reconhecem-lhe beleza?
Fontes
Consultadas:
Ana
Belo (1997) Mil e tal nomes próprios, ARPEN/SP, Behind the Name, IRN, José
Viale Moutinho (1949) Lendas das ilhas da Madeira e do Porto Santo, NameBerry, SPIE.
Também acho muito interessante! :)
ResponderExcluirSim, Amaro tem sua beleza, mas acho que fica melhor como segundo nome. Não sabia de sua ligação com o mar, gostei de saber!
ResponderExcluirMeu tataravo chamava amaro francisco
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