Emílio

Só muito recentemente olhei para este nome masculino com atenção. Até então havia-me sido completamente indiferente, mais um daqueles nomes de rapaz que nunca mais ninguém usou e cuja versão feminina se mostrou mais resistente ao passar do tempo. Depois, refleti acerca da categoria que havia criado para Emílio e achei um completo disparate.

Pensando (bem) melhor, Emílio era um nome esplendoroso! E poucos o viam assim! Perfeito! Se são poucas as pessoas que o apreciam, significa que a exclusividade do seu uso será muito mais provável – o que é uma boa notícia para quem prefere procurar outros nomes que não constem na lista dos mais populares em Portugal e no Brasil. Depois, tem a excelente qualidade de ser a versão feminina de Emília, um nome que sempre gostei desde pequenina, mas cuja popularidade tem-no feito subir bastante em ambas as realidades. Ocorreu-me também, e por último, que Emílio seria um nome perfeito para quebrar estereótipos e preconceitos: os nomes masculinos não tem de ser poderosos e rudes, podem ser cândidos e ternos e, aqui, Emílio enquadra-se perfeitamente nesta nova tendência de nomeação! Outros nomes que facilmente pertenceriam a este grupo seriam Abel, Benjamim, Gil, Inácio, Jonas, Levi, Luca, Milo ou Noah.

Escusado será dizer que a partir do momento em que fiz esta reflexão, Emílio ganhou um lugar seguro no meu coração! E acredito que possua características muito interessantes para se adequar ao século XXI e espero ansiosamente pelo momento em que ouço alguém dizer “Sempre gostei tanto de Emílio, estou a pensar dá-lo ao meu filho”!

Em Portugal, durante o século XX, mais concretamente entre 1920 e 1960, nasciam por ano, em média, cerca de 40 rapazes chamados Emílio, sendo que o pico de registos se deu no ano de 1951 com um total de 51 meninos nascidos com este nome! Hoje em dia o nome praticamente não é utilizado.

No Brasil sua frequência é de 21.402 pessoas, seu auge de popularidade ocorreu nas décadas de 1950 e 1960, com queda de uso nos anos seguintes. Os Emílios brasileiros estão mais concentrados no estado do Paraná.

Em 2013 foram registados em Portugal um Bryan Emílio e um Emílio de Jesus. No ano seguinte, foram registados dois meninos assim chamados, mais os compostos Bekoloya Emílio, José Emílio, Emílio Tor e Vlad Emílio. Em 2015 este nome não foi registado. O mais provável é que a maioria destes meninos sejam filhos de pais de dupla-nacionalidade ou nacionalidade estrangeira, contudo, acredito que as hipóteses de composição de nomes sejam muitas e sugiro a título de curiosidade:

Emílio Alexandre

Emílio Daniel

Emílio Henrique

Emílio Tomé

Emílio Valentim

Emílio Xavier

António Emílio

Augusto Emílio

Diogo Emílio

João Emílio

Luís Emílio

Pedro Emílio

Este nome provém da gens romana Aemilius, derivado do latim Aemulus, que significa rival. Apesar de o significado não ser o mais carismático, é possível constatar a veia italiana deste nome que se reflete perfeitamente na sua sonoridade que, por sua vez, é muito suscetível à internacionalização.

É igualmente importante não esquecer que Emílio, ou da Educação é também o nome de uma obra filosófica basilar na cultura ocidental, concebida por Jean-Jacques Rousseau, em 1762! Nesta obra que acompanha o crescimento do jovem Emílio (Emile) guiado pelo seu tutor, o filósofo debruça-se sobre a natureza humana e como é corrompida pela realidade social, evidenciando-se os esforços para preparar um cidadão dedicado e responsável (Paiva, 2011). Esta associação do nome a uma obra tão importante acaba por lhe conceder um ar muito intelectual e bondoso!

Que dizem de Emílio?

Fontes Consultadas:
ARPEN/SP, Behind the Name, IRN, NameBerry, Paiva (2011) Emílio: Texto e Contexto (Revista Portuguesa de Pedagogia), SPIE e Wikipedia.