Branca

Outrora conhecidíssimo como nome feminino em Portugal e restantes países da Europa, hoje em dia Branca está a viver a sua época baixa. O desinteresse tem vindo a crescer ao longo dos séculos e hoje em dia impõe-se no panorama português uma outra versão deste nome e bem mais popular: Bianca.

Introduzido nos finais da década de 70 em Portugal, Bianca tem-se apresentado como uma alternativa mais leve e moderna a Branca, sendo que em 2013 nasceram 428 meninas com este nome e em 2014 outras 482. Por contraste, Branca em 2013 não teve nenhum registo (excepto os compostos Maria Branca e Leonor Branca) e em 2014 foi registado apenas uma vez, juntamente com os compostos Rosa Branca (muito literal, hein?), Beatriz Branca e Naiara Branca. Durante todo o século XX, o número de registos anuais deste nome manteve-se estável, nunca ultrapassando, no entanto, as 55 Brancas por ano.

Na Idade Média, onde o nome estava no auge da sua popularidade, Branca era tão ou mais utilizado que os seus contemporâneos Beatriz, Inês, Joana, Leonor e Margarida, que hoje em dia são ultra-populares entre os portugueses! O nome era de tal forma apetecível na altura, que várias famílias nobres e aristocratas o escolhiam para as suas filhas.

Entre uma dessas famílias, está a família real portuguesa, que teve no seu seio quatro infantas chamadas Branca! Infelizmente, duas dessas meninas (ambas filhas de D. João I e Dª Filipa) morreram muito pequenas, mas existiram também Branca de Portugal (1192-1240), filha de D. Sancho I e de D. Dulce, e outra Branca de Portugal (1259-1321), a filha primogénita de D. Afonso III e D. Beatriz! Esta última infanta aparece recorrentemente em lendas medievais portuguesas como aquela por quem um rei mouro se apaixonou perdidamente e viveram um intenso romance que aquecia os corações e o imaginário dos lusitanos! Talvez por ter conhecimento desta lenda, vejo o nome como romântico e querido!

Mas a Branca mais conhecida e que está no imaginário de cada um de nós será sem dúvida a alemã Branca de Neve, protagonista do conto de fadas que foi compilado pelos irmãos Grimm e no século passado adaptado cinematograficamente pela Disney, tornando-se um clássico dos clássicos! O sucesso deste conto tornou difícil dissociar o nome da personagem, mas não é de todo uma má referência. Afinal de contas, a Branca de Neve apenas procura a justiça e cultura o valor da amizade, da bondade e a busca pelo amor verdadeiro!

Acredito que Branca podia voltar ao mundo atual, destacando-se, também por ser um nome sóbrio e com um toque de aristocracia que a colocaria muito bem ao lado de um Afonso ou Manuel, ou de uma Leonor ou Teresa, ou, junto de outros nomes igualmente monárquicos e mais exclusivos como Baltasar, Jaime, Pia e Sancha. Acredito também que se poderia tornar um novo nome de elite, ao lado de Caetana, Frederico, Mercês, Pureza, Sebastião ou Xavier. Para além do mais, trata-se de um nome literal, de uma cor frequentemente associada a coisas positivas como a Paz!

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