quarta-feira, 9 de março de 2016

Enes


No coração da lista de nomes autorizados em Portugal, eis que um nome me salta à vista: Enes, masculino. E por várias vezes meditei neste nome e no porquê de se encontrar na tal lista.

Até ao século XII as pessoas eram exclusivamente conhecidas pelo nome próprio e não encontravam justificações para usarem outro nome além daquele com o qual haviam sido batizadas. No entanto, com a centralidade das escolhas em determinados nomes, começou a surgir a necessidade de distinguir as pessoas por nomes adicionais, e, as escolhas começaram a debruçar-se sobre o nome dos pais. De que forma, perguntam? É simples.

Imaginemos que em determinada aldeia, nasceram no mesmo ano 5 rapazes chamados António. Para os distinguir, a população acrescenta-lhes um segundo-nome que corresponderia ao nome do pai, e, assim sendo, eles tornam-se António Lopes (filho de Lopo), António Mendonça (filho de Mendo) António Nunes (filho de Nuno), António Peres (filho de Pedro) e António Enes (filho de João). Naturalmente, é normal que você se possa chamar Enes e o seu pai não se chamar João porque está lógica dos patronímicos cristalizou-se e, a partir de certo momento, o segundo nome começou a ser utilizado mais numa lógica de “nome de família”. No entanto, mesmo que o seu pai não se chame João, tenha a certeza de que um antepassado seu se chamava efetivamente João!

João torna-se Enes através de Johannes, que se converte facilmente em Eanes, Anes ou Enes. Mas, então, como é que um apelido se torna nome próprio? Como é que Enes passou de filho de João, a um nome próprio masculino? A verdade é que não possuo informação que sustente uma resposta a esta pergunta, e não percebo porque é que Enes está presente na lista portuguesa e, por exemplo, Anes e Eanes não constam como nomes próprios aceites. A lógica seria exatamente a mesma, mas claramente houve uma distinção feita por linguistas que não consigo compreender.

Pessoalmente, gosto da sonoridade deste nome, mas ainda prefiro Eanes. Acho-o engraçado, é curto e tem um ar jovial, mas não sei até que ponto se adapta ao estilo português contemporâneo para nomes de rapazes!

Não sei quando é que o pedido de autorização de Enes deu efetivamente entrada no Registo Civil, mas o certo é que durante todo o século XX não houve nenhum registo de rapazes assim chamados, nem os foram registados em 2013, 2014 e 2015.

Que acham de Enes, considerariam utilizar?

8 comentários:

  1. Antes de ler o post jamais imaginaria que Enes tivesse alguma ligação com João! Fui supreendida! Apesar de ter adorado saber a história de Enes, não o consideraria para um filho. Também prefiro Eanes.

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  2. Acho giro e também não sabia que tinha ligação com João :)

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  3. Não tenho a certeza o que penso sobre Enes. Primeiro gostei mas pensando melhor passei a não gostar tanto... não sei porque, talvez por ser diferente.

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  4. Enes ligação com João!? Kkkkk nada haver
    Mas .. Gosto do meu nome

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  5. Enes é meu sobrenome. Qual será a ligação?

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  6. Essa explicação foi tiradade de onde? Qual foia universidadequevosensinou isso

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  7. Meu primeiro nome é Enes, gosto muito, depois de mim muitos foram batizados com este nome, antes até que saiba não houve nenhum.

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  8. Enes era o nome do meu avô, e como primeiro neto tive o prazer de receber msm nome.

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