sábado, 21 de novembro de 2015

Judas


Alguns fantasmas têm de ser enterrados. Porque haveríamos de condenar eternamente um nome ao esquecimento só porque alguém num passado muito (muito) distante foi uma má referência? E nem isto é assim tão certo. A História é dúbia, mas o Homem insiste em fazer interpretações precisas dos acontecimentos.

Judas adquiriu uma conotação negativa em prol da história de Judas Iscariotes, vulgarmente conhecido como o traidor, que terá desencadeado uma série de eventos que culminaram na morte de Jesus Cristo. Mas, até mesmo esta personagem mal-amada, tem direito a ser pensada, ora não tivesse sido ele um Apóstolo escolhido por Jesus. Será que não haveria bondade em Judas?

Para além destas questões, é também um facto que Jesus tinha mais um Apóstolo com este nome, mais conhecido como São Judas Tadeu. A tradução anglófona da Bíblia mudou as variantes deste nome precisamente para distinguir estes Judas um do outro, referindo-se a Judas como o traidor e utilizando Judah ou Jude para se referir ao “bom Judas”.

Em português, como não temos esta distinção torna-se bem mais agradável ter o nome em consideração. E convém também lembrar que Judas era um nome muito comum na época, sendo referidas ao longo do texto bíblico várias personagens assim chamadas, e a maior parte delas com ações reveladoras de bom carácter! Acredita-se que o nome original seja Yehudah, que significa adorar ou exaltar o Senhor, sendo este também o nome de um dos doze filhos de Jacob, patriarca da tribo da Judeia e antepassado de Jesus Cristo.

Pessoalmente, considero-o um nome forte, marcante e com um potencial que lhe tem vindo a ser negado. Acho-o também uma escolha muito ousada, dado o contexto social e religioso em que vivemos, que não olhará com bons olhos essa escolha. No entanto, também acredito que bons nomes devem ter oportunidades de brilhar e mostrar o que valem. E parece-me a mim que têm havido tentativas de o reavivar através do mundo das artes, em particular através da música, com duas artistas internacionais a nomearem assim duas músicas distintas e de grande sucesso (Lady Gaga e Kelly Clarkson).

Joana Recharte.


Conseguiriam ponderar o uso de Judas?

6 comentários:

  1. Não consigo gostar de Judas. Lembra-me, não o traidor, mas "ajudas" e "juras".

    ResponderExcluir
  2. Esse é um daqueles nomes que não conseguiria considerar nunca. A conotação negativa é fortíssima. Nome pesado.

    ResponderExcluir
  3. Acho que é quase impossível separar Judas da sua história.

    ResponderExcluir
  4. Eu gosto e também tenho pena da associação ao traidor. Nao usaria por isso mesmo.

    ResponderExcluir
  5. não acho um mau nome, de todo... mas a conotação é demasiado negativa para considerar usá-lo.

    ResponderExcluir
  6. A associação é muito forte e ruim, não teria coragem.

    ResponderExcluir