domingo, 29 de maio de 2016

Milton


Aos poucos, aquele que era um nome tipicamente estrangeiro, vai ganhando o seu terreno nos nossos dois países. Milton chegou-nos através do apelido/sobrenome inglês que seria composto pelos elementos mill (moinho) e town (aldeia, vila). Assim, se compreende que Milton antes de ser um nome próprio começou por ser um nome de família, criado com o objetivo de identificar a naturalidade das pessoas ou até a sua ocupação profissional. Aquele que é da aldeia do moinho, o moleiro da vila.

Nunca teve grande tradição em Portugal, sendo que os registos mais expressivos deste nome começam a emergir no final da década de 70, atingindo 46 registos em 1978. Com exceção deste ano, os registos continuaram baixos até ao momento, nem sendo possível considerar este um nome datado em Portugal uma vez que nunca suscitou grande interesse por parte do nosso povo. Ainda assim, nos últimos 3 anos registaram-se 10 meninos com este nome, 5 deles com os compostos Milton Alexandre (3), Salvador Milton e Santiago Milton. Atualmente, em Portugal, não é permitido grafar Milton sem acento no Í, o que, na minha opinião, se trata de um esforço para “aportuguesar” o nome sem que, no entanto, se preserve a beleza da sua grafia natural. São os riscos que se correm quando se introduz um nome estrangeiro num país que não tem por hábito uma abertura muito grande a nomes diferentes: cada um tem o direito de pronunciar como lhe parece mais correto. E depois existem estas tentativas de uniformização da pronúncia através de acentuações escusáveis.

Já no Brasil, os Censos 2011 estimam que mais de 120 mil pessoas carreguem consigo este nome, sendo que o pico da sua utilização se situou nas décadas de 50 e 60. Atualmente, Milton não consta dos tops nacionais e por estar demasiado associado a determinadas gerações é hoje em dia considerado datado. Ainda assim, 21 meninos foram registados em São Paulo no ano de 2015 com este nome! Ao Brasil associa-se, também, a figura do músico Milton Nascimento (quem não conhece a Maria Maria?)!

No palco mundial destaca-se a figura do poeta e intelectual inglês John Milton, do século XVII, que revolucionou a sociedade sua contemporânea com as suas ideias republicanas. O Paraíso Perdido é considerado uma das maiores obras épicas da História.

Fontes Consultadas:
Ana Belo (1997) Mil e tal nomes próprios, ARPEN/SP, Behind the Name, IBGE, IRN, SPIE

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