Cipriano

"Não se pode julgar um livro pela capa". Sim, estou ciente de que isto não passa de um provérbio e de uma frase feita, mas penso que se adequa perfeitamente a Cipriano. 

Cipriano é a versão portuguesa, espanhola, italiana e romena de Cyprianus, um nome de origem latina que significa natural de Chipre.

Quero despachar a parte mais sombria de Cipriano, por isso vou abordar já a parte do livro de São Cipriano. Para quem não conhece, o livro de São Cipriano é conhecido por estar ligado ao ocultismo, à bruxaria, a exorcismos e a rituais com diversas finalidades. É contado que Cipriano, após a morte de Évora, a bruxa que lhe ensinou várias magias, se apoderou dos manuscritos e invocou o próprio diabo. Diz-se que a leitura deste livro traz graves consequências para quem o ler. Tudo em volta do livro de São Cipriano é ambíguo, existem várias lendas urbanas destrutivas e/ou ainda quem defenda que o livro não tem nada mais do que histórias e rituais inofensivos. A verdade é que Cipriano acabou por abandonar o paganismo tendo se convertido ao cristianismo. Sofreu perseguição dos romanos sendo martirizado em Nicomédia. São Cipriano é venerado pela Igreja Ortodoxa e Católica como cristão de Antióquia.

Muitos de vocês podem conhecer somente o lado obscuro de Cipriano, mas tenho-vos já a dizer que este nome não é só escuridão. Cipriano foi o nome de outro santo, Cipriano de Cartago, que viveu no século III e era conhecido por ser um excelente orador. Houve ainda um importante oficial bizantino com este nome.

Personalidades mais recentes chamadas Cipriano:

• Cipriano Castro - ex-presidente da Venezuela; 
• Cipriano de Rore - compositor renascentista franco-flamengo; 
• Cipriano Purugganan Primicias - senador filipino. 

Em Portugal, recentemente não houve nenhum registo do nome Cipriano. No entanto, em tempos remotos, Cipriano era um nome até que usado para os bebés portugueses, tendo 1947 sido o ano com maior número de registos, com um total de 33 nascimentos. Penso que na realidade portuguesa, Cipriano é mais utilizado como apelido/sobrenome e neste quesito encontrei a informação que a concentração de mais famílias Cipriano se encontra em Lisboa, seguido por Aveiro e logo depois Viseu. E olhem, tenho-vos a dizer que é algo que não estranho, pois no secundário estudei com um rapaz cujo nome era Cipriano e conheço uma jovem que se chama Mariana Cipriano.

No estado de São Paulo também não encontrei registos atuais de Cipriano. Não obstante, em todo o Brasil, a frequência de homens com este nome é de 2.340 portadores. Foi na década de 50 e no Piauí onde este antropónimo teve mais ênfase. 

Sabiam que Cipriano também é registado nos EUA? O registo mais antigo data de 10 de Setembro de 1870 e desse dia até 2017 o país conta com um total de 2.119 indivíduos chamados Cipriano.

Bem sei que Cipriano não tem uma história que abone a seu favor, mas será por isso que o nome "merece" ser tão mal-amado assim? Se adoramos nomes terminados em -ana não podemos começar a gostar um bocadinho mais dos nomes terminados em -ano? Deixo-vos com estas reflexões... 

Ana Madaíl Carvalho

Fontes consultadas:

Behind the Name, IRN, SPIE, Nós Portugueses, Dicionários de Nomes Próprios, ARPEN/SP, IBGE, Nameberry, BabyNamesPedia, ThinkBabyNames, Names.org, Wikipédia.