Diadorim - Atendendo a Pedidos

Bruna Lombardi como Diadorim na minissérie Grande Sertão: Veredas

A personagem Diadorim faz parte do enredo do livro Grande Sertão: Veredas, uma obra-prima da literatura brasileira. É o nome adotado pela protagonista quando entra para um grupo de cangaceiros e se faz passar por homem. A trama conta a história do amor trágico e complicado do jagunço Riobaldo por Diadorim. Enfim, esse é  um daqueles nomes que aguçam a curiosidade e merecem toda a nossa atenção.

Diadorim é um nome literário, ou seja, foi livremente criado pelo autor (no caso Guimarães Rosa) para sua obra. Não se sabe ao certo de onde partiu a inspiração para a criação deste antropônimo, mas sabe-se que Guimarães Rosa nunca escolhia os nomes de seus personagens aleatoriamente. Para chegar ao possível significado de Diadorim estudiosos pesquisaram e algumas teorias foram levantadas:

• Pode ser uma aglutinação de dia+dorom que significa através da dádiva ou diá+dor+im que quer dizer por intermédio, através da dor;
• Especula-se ainda  que poderia ser diá - como diabo; ou dea, referindo-se ao outro pólo, Deus; dor - adorar, deadra, deamar; durar, ódio, odiar.

Riobaldo é um ex-jagunço que relembra suas lutas e seu amor reprimido por Diadorim. Nosso personagem em foco posssui nomes diferentes que são apresentados com o desenrolar da trama, cada um correspondendo a um momento dramático do livro. Quando Riobaldo conhece Diadorim, este é sempre tratado como O Menino ou O Menino Moço; depois diz que seu nome é Reinaldo; após firmar amizade com Riobaldo, Reinaldo revela seu nome verdadeiro: Diadorim. Sua identidade real  - Maria Deodorina - só é descoberta no final do romance, após sua morte.

Grande Sertão: Veredas (1956) é uma obra única e inovadora, um dos mais importantes livros da literatura brasileira e lusófona. É considerada uma das três epopeias da língua portuguesa, juntamente com Os Lusíadas e Os Sertões. Em 1985 a Rede Globo produziu uma adaptação televisiva em formato de minissérie que trouxe Bruna Lombardi como Diadorim e Tony Ramos como Riobaldo. A atuação de Bruna e sua entrega e disponibilidade para a caracterização do instigante personagem foram muito elogiadas na época.

Apesar da aclamação, a fama da personagem não foi capaz de despertar o interesse das populações de nossos países: no Brasil a frequência de Diadorim é tão pequena que não foi capaz de produzir gráficos pelo IBGE, ou seja, de 1930 a 2010 foi registrado menos de 20 vezes em todo o território ou simplesmente nunca foi registrado. Em Portugal o cenário se repete: segundo as bases estatísticas da SPIE, não há notas de registros antigos no país. Atualmente também não existiram registros de crianças chamadas Diadorim.

Diadorim é um nome ícone da representatividade, simboliza a inconformismo e a coragem de uma mulher que não aceitou as regras opressoras contra as mulheres da época e se libertou através da criação de seu alter ego Diadorim. Assim como a personagem, Diadorim é um nome complexo, se tivesse que classificá-lo talvez seria como nome masculino, porque era com esse nome que a personagem se apresentava como homem, mas ao mesmo tempo sua masculinidade tendia para a androginia, então poderia entrar na lista de nomes unissex. Como segundo elemento me remete para sobrenome, gosto dessa ideia.

Conheciam Diadorim? Acham um nome usável ou está destinado a permanecer apenas na literatura?

Patricia Monteiro 

Fontes Consultadas:
ARPEN/SP, Desconcertos, IBGE, IRN, SPIE, Tiro de Letra, Wikipédia.