No
coração da
lista de
nomes autorizados em Portugal,
eis que um
nome me
salta à vista:
Enes, masculino. E por várias vezes meditei neste nome
e no porquê de se encontrar na tal lista.
Até ao século XII as pessoas eram
exclusivamente conhecidas pelo nome próprio e não encontravam justificações para usarem outro nome além daquele com o qual haviam sido batizadas. No entanto, com a centralidade das escolhas em determinados nomes, começou a surgir a necessidade de distinguir as pessoas por nomes adicionais, e, as escolhas começaram a debruçar-se sobre o nome dos pais. De que forma, perguntam? É simples.
Imaginemos que em determinada aldeia, nasceram no
mesmo ano 5
rapazes
chamados António. Para os distinguir, a população acrescenta-lhes um segundo-nome
que corresponderia ao nome
do
pai, e,
assim sendo,
eles tornam-se
António Lopes (filho de Lopo), António
Mendonça (filho de Mendo) António
Nunes (filho de Nuno), António Peres (filho de Pedro)
e António Enes (filho de João). Naturalmente,
é normal que você se possa chamar Enes
e o seu pai não se chamar João
porque está lógica dos patronímicos cristalizou-se e, a partir de certo
momento, o segundo nome começou a ser utilizado mais numa lógica de “nome de família”. No entanto, mesmo que
o seu pai não se chame João, tenha a
certeza de que um antepassado seu se chamava efetivamente João!
João
torna-se Enes através de Johannes, que se converte facilmente em
Eanes, Anes ou Enes. Mas, então,
como é que um apelido se torna nome próprio? Como é que Enes passou de filho de João, a um nome próprio masculino? A
verdade é que não possuo informação que sustente uma resposta a esta pergunta,
e não percebo porque é que Enes está
presente na lista portuguesa e, por exemplo, Anes e Eanes não constam como
nomes próprios aceites. A lógica seria exatamente a mesma, mas claramente houve
uma distinção feita por linguistas que não consigo compreender.
Pessoalmente, gosto da sonoridade deste
nome, mas ainda prefiro Eanes. Acho-o engraçado, é curto e tem um ar jovial,
mas não sei até que ponto se adapta ao estilo português contemporâneo para
nomes de rapazes!
Não sei quando é que o pedido de autorização
de Enes deu efetivamente entrada no
Registo Civil, mas o certo é que durante todo o século XX não houve nenhum
registo de rapazes assim chamados, nem os foram registados em 2013, 2014 e 2015.
Que acham de Enes, considerariam utilizar?
Antes de ler o post jamais imaginaria que Enes tivesse alguma ligação com João! Fui supreendida! Apesar de ter adorado saber a história de Enes, não o consideraria para um filho. Também prefiro Eanes.
ResponderExcluirAcho giro e também não sabia que tinha ligação com João :)
ResponderExcluirNão tenho a certeza o que penso sobre Enes. Primeiro gostei mas pensando melhor passei a não gostar tanto... não sei porque, talvez por ser diferente.
ResponderExcluirEnes ligação com João!? Kkkkk nada haver
ResponderExcluirMas .. Gosto do meu nome
Enes é meu sobrenome. Qual será a ligação?
ResponderExcluirEssa explicação foi tiradade de onde? Qual foia universidadequevosensinou isso
ResponderExcluirMeu primeiro nome é Enes, gosto muito, depois de mim muitos foram batizados com este nome, antes até que saiba não houve nenhum.
ResponderExcluirEnes era o nome do meu avô, e como primeiro neto tive o prazer de receber msm nome.
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