Passei
a minha infância completamente fascinada com as milhares de histórias e lendas
que a minha madrinha, entusiasta da Literatura Clássica, me contava. Penso que
namorámos um pouco de tudo, desde Homero,
passando por Camões e explorando mitos populares dos primórdios de Portugal! E
entre essas histórias, lá vinha o divino Fogo
de Sant’Elmo, que socorria os
marinheiros durante as tempestades mais tenebrosas que se possa imaginar!
Na
verdade, o chamado Fogo de Sant’Elmo não é nada mais do que um
fenómeno elétrico que ocorre quando a polarização do ar se torna tão díspar que
provoca o aparecimento de uma luz em tons de azul, que em muito se assemelha a
uma chama, nos mastros dos navios durante as tempestades. É uma explicação
científica, simples e desprovida de grandes atos de magia ou intervenção
divina, como eu acreditava e como acreditaram durante séculos os antigos
marinheiros! Na Antiguidade Clássica, este fenómeno era atribuído à intervenção
dos deuses gregos Castor e Pólux, sendo mais tarde remetido para a
intervenção de Santo Elmo, santo
cristão protetor dos marinheiros.
O
que é que isto tem que ver com Telmo?
É relativamente simples. No germânico antigo, existiam vários nomes começados
pelo elemento helm, que significava
capacete ou proteção. Com a popularização deste elemento linguístico
rapidamente se propagou Elmo como
nome próprio. Paralelamente, em Itália, o nome Erasmus ganhou o diminutivo Ermo
que também com muita facilidade se transformou em Elmo, que viria a ser considerado nome próprio nos países onde
vigorava o latim como língua oficial. Entretanto, através da santificação de um
homem de nome Erasmus, a população
começou a referir-se a ele como Santo Elmo
que não tardou a originar o nome Santelmo,
ainda hoje aceite em Portugal, que consiste na aglutinação das palavras Santo e
Elmo, do mesmo modo que São Tiago originou o nome próprio Santiago. E onde fica Telmo no meio disto tudo? Telmo é precisamente um diminutivo de Santelmo que se popularizou entre nós,
sendo atualmente a versão mais corrente deste nome em Portugal e no Brasil.
Telmo obteve maior expressão em
Portugal a partir da década de 70 do século XX, ultrapassando a fasquia dos 100
registos anuais. Em 2013 foi registado 28 vezes e em 2014, 24, sendo o composto
mais comum Telmo Filipe. Apesar de já não ser popular e
de nunca ter encantado em demasia os português, acredito que este nome continua
a ser uma opção adequada e, sobretudo, pouco intuitiva. Sem dúvida, Telmo em 2016 será uma escolha diferente,
mas rodeia-se de muitas histórias bonitas que não deixam que a chama do nome se
apague! É forte, é sonoro e não apresenta dificuldades na adaptação
internacional.
A maior referência é o
filósofo, escritor e professor português António
Telmo (sim, era conhecido pelo
composto), destacando-se também, no Brasil, o ator Telmo de Avelar, conhecido pelas muitas traduções que fez dos
filmes da Disney para o português do Brasil!
Considerariam o uso de Telmo?
Considerariam o uso de Telmo?
O único Telmo que conheci tinha a minha idade e era - pelo que vi - muito calmo e simpático. Sempre que penso em Telmo lembro-me dele, mas não gosto.
ResponderExcluirnão gosto nada de Telmo , mas adorei o texto , parabéns :)
ResponderExcluirÓtimo texto Joana, parabéns! Não conhecia a história do nome Telmo, achei muito interessante! O nome em si não me atrai, mas sabendo mais sobre ele passei a simpatizar.
ResponderExcluirNão gosto de Telmo e muito menos de Telma. Mas concordo que também me transmite calma, o que conheci era assim.
ResponderExcluirGostei do texto e sobre o fogo de Sant'Elmo! Acho um nome bonito e e o apelido Tel lembra um pouco Teo. É um nome a ser revivido. É interessante. Quanto a Telma, eu não gosto.
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