Guia para Escolher Nomes de Irmãs/Irmãos - Parte II

Na publicação anterior começámos por dizer que não há uma forma única e/ou correta de escolher combinações de nomes para irmãos. As escolhas dependerão sempre muito do seu gosto pessoal e da sua visão sobre o nome X ou Y, mas nestas publicações propomos analisar alguns critérios que poderão ser orientadores na escolha de um nome ou, pelo contrário, critérios que deve evitar. Novamente, a sua crítica é imperativa! Na Parte I abordámos critérios como o uso da mesma inicial, da mesma terminação e a importância da popularidade e do estilo dos nomes. Desta vez vamos abordar outros quatro critérios e deixaremos outros tantos para a Parte III.

A MESMA ORIGEM

Organizar os nomes por origens é um trabalho muito interessante mas muito exaustivo. Um nome pode ter raízes africanas, árabes, celtas, germânicas, gregas, havaianas, hebraicas, indianos, indígenas, latinas (…). Não podemos simplesmente classificar os nomes como brasileiros, portugueses ou estrangeiros, isso é redutor, não chega. E não chega certamente para quem tem interesse em seguir este critério. De acordo com esta perspetiva, que também acho (demasiado) detalhada e com um nível de pormenor expert, juntar Dilan e Leopoldo seria impensável. O exemplo até é bastante óbvio, um moderno, outro antigo, estilos completamente diferentes, mas são também de diferentes origens: um celta e outro germânico. De acordo com a mesma lógica também não seria possível juntar nomes como Ágata e Iara, um grego e outro indígena – que neste momento são muito populares no Brasil.

Por outro lado, pode haver também quem esteja interessado em fazer precisamente o oposto: colecionar nomes de diferentes origens em pares e em conjuntos muito interculturais. Cada postura é absolutamente legítima, mas como a segunda é mais “fácil” de conseguir, mesmo sem conhecimento de causa, deixo aqui algumas listinhas simples de nomes organizados por origens, com inspiração nas cinco crianças da foto:

Africanos: Dandara, Izem, Luena, Tarim e Zola

Árabes: Aida, Laila, Omar, Samir e Zara

Germânicos: Amália, Carolina, Frederica, Guilherme e Leonardo

Gregos: Alexandra, Bárbara, Penélope, Teodoro e Ulisses

Hebraicos: Abel­, Eva, Lia, Miriam e Tomé

Indianos: Aruna, Dhruva, Lila, Maia e Ravi

Indígenas: Amana, Cauã, Iracema, Mayara e Rudá

Latinos: António, Benedita, Constança, Francisca e Vicente 

O MESMO SIGNIFICADO

Quando se fala em nomes, um dos aspetos que as pessoas acham mais curioso é o significado. Escolher nomes de irmãos com base neste critério é algo muito interessante e uma forma de os ligar uns aos outros de forma pouco óbvia. Mas atenção que muitos nomes com o mesmo significado são apenas versões uns dos outros. Imaginemos que quer que os seus filhos tenham todos um nome que signifique felicidade e escolhe: Félix, Felícia, Feliciano e Felicidade. A sua intenção até era bonita, mais pecou por ser demasiado óbvia e tornou o conjunto caricato. Opções menos intuitivas são alternativas excelentes (e até enigmáticas), como por exemplo:

Abençoada/o: Betina, Benício, Gael, Olga e Zelda

Amada/o: Amadeu, Arabela, David, Milena e Noa

Felicidade: Caio, Félix, Letícia, Naíma e Zita

Guerreira/o: Afonso, Heloísa, Luís, Mafalda e Martina

Valente ou Vitoriosa/o: André, Eunice, Nicolau, Valentina e Vitória.

A Patrícia Monteiro fez um trabalho extraordinário na construção de listas que o podem orientar neste sentido se clicar aqui (femininos) e aqui (masculinos)! 

A MESMA TEMÁTICA

Se formar conjuntos de nomes por significado era uma ideia muito apelativa, então formar conjuntos temáticos é absolutamente fantástico. Confesso, é uma das minhas orientações favoritas. Gosto particularmente que os conjuntos sigam uma linha orientadora que pode ou não ser muito específica. Os nomes também não têm de ser todos literais ou óbvios. Basta que haja um bom encadeamento de ideias. Deixo abaixo algumas ideias para análise:

Bíblicos: Dalila, Jonas, Noémi, Rute e Samuel

Constelações e Luas: Apolo, Lira, Miranda, Orion e Pandora

Flores: Dália, Emília, Jacinto, Narciso e Rosa

Império Romano: Augusto, Camila, César, Júlia e Máxima.

Poesia Portuguesa e Brasileira: Ary, Bela (adaptação de Florbela), Cora, Luís e Sofia

Quatro Elementos: Ária, Gaia, Inácio e Oceano

Reis e Rainhas de Portugal: Dinis, Isabel, Luísa, Maria e Sancho

Românticos: Aramis, Heloísa, Inês, Julieta e Valentim

Se é adepto deste critério e está empenhado em formar conjuntos que toda a gente reconheça como um conjunto temático então dou-lhe força, acho que realmente é uma ideia bonita. Tenha apenas cuidado e bom senso para que os conjuntos não se tornem demasiado caricatos (as fronteiras são delicadas). Tal como fiz questão de salientar com o exemplo de Florbela, não precisa ser restrito nestas escolhas, pode adaptá-las para suavizar o conjunto. E ainda olhando para o mesmo conjunto, Luís e Sofia são muito comuns nos nossos países, mas nem por isso devem ser postos de parte em conjuntos deste género se realmente gostar deles. Como referi no início, não são óbvios na temática (pela popularidade), mas não precisam de o ser! O que é realmente mais interessante é que siga uma lógica pessoal e única, e que no final se consiga perceber as associações entre nomes (senão não há pertinência no critério).

O MESMO NOME

Passar nomes de familiares para familiares tem sido uma prática comum ao longo dos séculos, e era absolutamente comum no passado que os filhos herdassem o nome do pai e que as filhas herdassem o nome da mãe. E hoje em dia, mesmo não sendo tão comum, ainda se vê esta prática. Usar o mesmo nome para dois (ou mais) irmãos também não é incomum. De certeza que conhece casos destes, de pessoas que têm, por exemplo, uma Maria Isabel e uma Maria Teresa, ou um João Miguel e um João Pedro.

Nos nossos dias, a lei portuguesa impõe que um irmão não possa ter o mesmo nome de outro irmão, mas nada impede que o José Maria seja irmão da Maria José – aos olhos da lei são nomes diferentes. Um Gabriel e uma Gabriela ou um Luís e uma Luísa também são interpretados pela lei como sendo nomes diferentes, mas, convenhamos, são o mesmo nome, apenas em versões diferentes devido ao género.

Como já falámos na parte I desta publicação, nas partes específicas da mesma inicial e da mesma terminação, esta parece ser uma tendência mais pronunciada quando se tratam de gémeos/gémeas. Parece haver uma preocupação em encontrar mais um elemento que una os irmãos/as irmãs: o mesmo nome ou nomes muito parecidos. Na minha perspetiva pessoal, sendo uma entusiasta dos nomes, acredito piamente que existem tantos (!) nomes bonitos que podem ser usados em conjuntos desde que se procure com carinho, que acho esta prática bem desnecessária. Para além que os irmãos/as irmãs estarão sempre ligados uns aos outros por muitas mais coisas do que um nome e não precisam certamente de usar o mesmo nome (ou um nome muito parecido) para serem cúmplices e unidos.

Por fim, quando falamos em usar o mesmo nome podemos estar simplesmente a falar de usar versões diferentes de um mesmo nome. É claro que um Valentim, irmão de um Valentino e de uma Valentina é de caras. Sabemos perfeitamente que houve uma intenção de usar o mesmo nome e corre o risco de as pessoas olharem para a sua escolha como muito pouco original. Por outro lado, versões menos óbvias podem ser interessantes.

Por exemplo, sabia que de Jacob surgiram vários outros nomes que hoje em dia são muito diferentes e até populares? Diego, Diogo, Iago, Jaime, James, Santiago, Tiago (…). Se Tiago e Santiago são um par demasiado parecido um ao outro, Diogo e Tiago já não o são e podem ser muito interessantes de usar juntos. Diego e Santiago também, por exemplo, têm ambos um ar muito hispânico e são populares! Se procura nomes com uma vertente mais internacional Jacob e James parecem-me boas opções e pouco intuitivas.

Do lado feminino, um bom nome para fazer estas associações é Elisabete. De Elisabete chegam-nos nomes como Bela, Betina, Ella, Elis, Elisa, Elsa, Isa, Isabel, Isabela, Lília, Liliana, Lisa (…). Novamente, aqui conseguimos formar pares interessante e pouco intuitivos como Bela e Lília, Betina e Isabela, Elisa e Isabel, Elsa e Lisa. As opções podem ser várias, e como Jacob e Elisabete existem outros nomes com muitas delas variações como Adelaide, Alexandre, João ou Maria. É uma questão de pesquisar e o Behind the Name tem uma seção muito interessante onde pode pesquisar estas ligações: depois de escolher o nome a procurar carrega em Related Names e terá acesso a essas mesmas listas.

Esta é mais uma publicação extensa onde são apresentados vários critérios que podem ou não fazer sentido para si. Esperamos que o texto tenha sido útil e informativo. Deixe a sua opinião nos comentários abaixo! Para consultar as restantes publicações em torno da temática clique em Parte I e Parte III (brevemente disponível).

Fontes Consultadas:
Behind the Name, O Blog dos Nomes